É fato que à psicanálise está reservada uma resistência que lhe
é inerente, pela razão de ser sempre avessa ao já dado ou imposto
moralmente. A possibilidade subversiva da psicanálise será para sempre
objeto de uma espécie de sufocamento por parte dos discursos dominantes,
e isso é demonstrado desde Freud, em seu célebre artigo de
1926, “A questão da análise leiga”.
Assim começa o texto de apresentação do livro “Ofício do Psicanalista II – por que não regulamentar a Psicanálise”, organizado por Ana Maria Sigal, Bárbara Conte, Samyra Assad, com artigos de diferentes psicanalistas sobre considerações contrárias à regulamentação da Psicanálise como “profissão”, que já está disponível aqui no site da ELP-RJ.
O lançamento virtual do livro será no dia 25/06, às 19h, na plataforma zoom (ID: 914 5005 3376).
A psicanalista e membro da Escola Lacaniana de Psicanálise do RJ, Claudia Blois, escreveu sobre o livro, sua importância e a participação da Escola neste movimento:
“A Escola Lacaniana de Psicanalise – RJ participa do lançamento do livro “Ofício do Psicanalista 2″ para esclarecer a opinião pública em relação à posição das entidades psicanalíticas brasileiras – Movimento Articulação – quanto à proposta freudiana sobre a questão da ”análise leiga” (FREUD – 1927). O caráter subversivo de uma experiência de análise supõe uma prática que liberte o sujeito da alienação ao saber instituído, promovendo a libertação de um lugar de autoria de um saber novo e singular do desejo. Sendo assim, a formação de um analista não pode ser regida por um saber instituído, em um produto alocado dentro de um currículo universitário, que o autorize a partir de fora, validado por um órgão oficial que a regulamente. O intuito dessa leitura é que possa esclarecer o sentido da NÃO REGULAMENTAÇÃO da Psicanálise e da proposta de formação do psicanalista como uma experiência singular, que se dê a partir da indicação Freudiana de : análise pessoal , supervisão e elaboração teórica, em entidades que sustentem a livre associação da diferença subjetiva.”
Confira o sumário do livro:
SUMARIO Oficio do psicanalista II
“A marca das tentativas de regulamentação está nessa torção que insiste em normatizar um percurso que é fruto do que não é normatizável, ou seja, o desejo de saber depurado em uma experiência analítica. Consideramos a formação inscrita a partir de projetos de lei, que insistem até os dias de hoje em regulamentar a psicanálise, como a impostura
de um diploma no lugar de uma análise. Essas especificidades da formação de psicanalista foi o tema de nosso primeiro livro: “Ofício do psicanalista: formação X regulamentação”. Desde aí, após dez anos de seu lançamento, o Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras continua a luta que caracteriza sua organização e apresenta seu segundo livro “Ofício do Psicanalista 2″. Por que a psicanálise não deve ser regulamentada. A questão que se repete, e que é objeto do livro, está centrada na ideia de que não é possível pensar a formação de um psicanalista com regras e normas determinadas por uma regulamentação. Reafirma-se que a formação supõe um percurso singular, único e pessoal: a travessia subjetiva da experiência analítica, a qual se torna um instrumento de trabalho fundamental para a posição de escuta, além da supervisão e do arcabouço teórico. Estes são os três pilares que, se regulamentados, podem vir a se transformar em leis vazias que justificariam projetos de cunho religioso, ou cursos com interesses econômicos.” (trecho da apresentação do livro).
Confira a apresentação completa: