Dia 2 de junho é o Dia Internacional de conscientização dos transtornos alimentares e a médica, psicanalista, membro da #ELP_RJ e autora do livro “Você tem fome de quê?”, escreveu sobre o tema:
Os transtornos alimentares são uma perturbação psíquica na relação de alguém com os alimentos .
As razões do aparecimento dos sintomas são multifatoriais, mas é certo que a história familiar de cada paciente e uma situação traumática exercem enorme influência, para o surgimento dos primeiros sintomas.
Dentre eles, as distorções da imagem corporal, a recusa de convívio familiar durante as refeições, agressividade e / ou passividade excessivas são os mais evidentes.
Podemos dizer que todas as patologias que giram em torno do alimento tratam-se de adicções cuja razão ( economia de gozo) é a questão do SER.
O gozo do ser é uma especie de religião que dilacera o corpo marcado pela angústia e, ao invés de se ligar ao prazer da vida, está votado à morte.
Quando um bebê, uma criança, um jovem, não tem espaço para experimentar por si mesmo a presença do vazio( inerente ao humano), não pode ser privada de sua onipotência, qdo o seu Outro o mantém refém de uma imagem idealizada, só resta o corpo próprio para expressar o q nos diz Kierkegaard:
“O eu é senhor em sua casa, seu senhor absoluto, é o desespero é isso, mas também o que ele considera como sua satisfação, seu gozo… O eu, em seu desespero, quer esgotar o prazer de criar a si mesmo”.
(S. Kierkegaard, “Traité di desespoir, Paris, Gallimard, 1969, p. 152)
Os transtornos alimentares pedem da contemporaneidade um olhar mais atento para a questão do sujeito e sua singularidade, num mundo onde vigora o tornar o humano mercadoria!