Nos dias 31 de maio e 1 de junho estaremos realizando na PUC RJ a nossa Jornada Clínica.
Os tempos de uma análise
A perspectiva convencional sobre o tempo o toma a partir de uma linearidade que avança do passado para o presente em direção ao futuro. O sujeito seria em sua dimensão individual ou coletiva o resultado dessa linearidade ou continuidade progressiva. Freud irá propor que o sujeito se funda a partir do ato de dizer. É a fala que atualiza e revela a relação do sujeito com sua verdade. Foram as histéricas que abriram o caminho com seu discurso. Freud ali percebeu que o sujeito advém no intervalo entre dois significantes que aqui podemos propor como os relativos ao sintoma e à cena traumática. Freud primeiro escuta um determinismo factual: o sujeito teria experimentado um evento sexual precoce. Depois, ele mesmo retifica ao sustentar que a cena traumática revelada por suas histéricas é uma fantasia. O evento não foi vivido exatamente senão fantasiado. A perspectiva freudiana sobre a causalidade psíquica subverte a estabelecida linearidade do tempo que avança do passado para o futuro, para ele, é a atualização no dizer sobre o encontro com o sexual que pode significar a posição original do sujeito em relação a cena traumática, cena primária ou fantasia. É num “só depois” do tempo de um dizer que o analisante reconhece ou aponta a sua posição sexual e fantasmática em relação ao Outro.
Nesse sentido, Lacan também irá propor que o tempo inconsciente não é regido pela sucessão linear entre passado, presente e futuro, mas que se apresenta na articulação entre: o instante de olhar, o tempo de compreender e o momento de concluir. A fala do sujeito em análise revela essa temporalidade subjetiva em que a verdade do sujeito, no que tange a sua posição desejante, está articulada por um tempo lógico e não mais cronológico e linear. A partir desse breve argumento, convidamos a todos ao tema: “os tempos de uma análise”.