CONVOCATÓRIA/ARGUMENTO CER-2022
PSICOLOGIA DAS MASSAS E O COLETIVO DE LACAN
O momento vivido é aquele em que o desamparo tomou a dianteira da cena mundial; e, como nunca, experimentamos os efeitos do que Lacan nomeou como formas jamais vistas de segregação, resultado do avanço da economia ultraliberal exclusiva e alienante.
Considerando que a subjetividade é efeito contingente de uma época – de um discurso que articula o tecido social, como nos ensina Lacan – apostamos na atualidade do texto de Freud “Psicologia de grupo e análise do ego” para refletirmos sobre nosso tempo. Nele Freud desvela o funcionamento das “massas” com sua teoria da Libido, admitindo que o estudo da “mente dos povos primitivos” é essencial para entendê-lo, justo porque algo desse funcionamento “primitivo” não foi eliminado com o progresso tecnológico/científico da humanidade. Se o papel da hipnose nas formações de grupo é tão marcante quanto misterioso e coercitivo, nos diz Freud, é porque seu caráter, e os efeitos de sugestão que os acompanham, têm sua origem na horda primeva, a qual, de alguma maneira, sobrevive recalcada em nós.
Desse modo, o dito “líder do grupo” ainda é o tão temido quanto ansiado “pai da horda”, sendo assim, “o grupo ainda deseja ser governado pela força irrestrita e possui uma paixão extrema pela autoridade”, nos lembra Freud. Isso quer dizer que o pai autoritário, egoísta e suposto gozar sem restrições é o ideal do grupo, o qual dirige o ego no lugar do ideal do ego sustentando todo tipo de fanatismo. O efeito hipnótico, então, ocorre porque cada membro do grupo se identifica com esse ideal, que passa a ser o objeto almejado, por ele abrindo mão de sua singularidade, moralidade, valores éticos e inteligência caindo sob o efeito da sugestão. Segundo Freud, trata-se de uma convicção, não baseada na percepção e no raciocínio, mas em um vínculo erótico, na cega paixão. Na estrutura, pois, de quaisquer formações coletivas estão as identificações a partir do Ideal do Eu.
Qualquer coincidência com as catástrofes no âmbito político e social que vêm desenfreadamente se preparando, aqui como mundo afora, não é mera coincidência.
Portanto, como podemos refletir, não sem o que nos aporta o cotidiano da clínica, sobre os “sintomas” de nossa época marcada pela busca por mestres/líderes – o avanço das religiões, dos influencers, coachings, o culto às mercadorias –, sobre o recrudescimento dos discursos de ódio e totalitários, tudo isso contando com o espaço ilimitado, sem fronteiras, que é o mundo virtual? Neste momento, podemos aqui incluir a(s) recente(s) guerra(s)…
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